ARTPOP: Lady Gaga dá sua primeira entrevista após cirurgia

Ontem (28) além de liberar a capa de "APPLAUSE" carro-chefe do álbum e projeto ARTPOP, o site WWD Magazine liberou a entrevista que teria feito com Lady Gaga, veja a tradução feita pelo site RDT Lady Gaga:

“Eu quero saber. O que vê?” pergunta Lady Gaga, a sua voz carregando uma combinação de curiosidade genuína, flerte de conhecedor da imprensa e provocação inerente. A imagem em questão, estreada no WWD, é a capa do novo single de Lady Gaga “Applause”, o primeiro do seu próximo álbum de estúdio ARTPOP, que será lançado a 11 de Novembro através da Interscope Records. Tirada por Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin, a fotografia é colorida, emocional e teatral, capturando Gaga com uma face Pierrot-esca, o seu arco-íris de maquiagem artisticamente manchado e o seu cabelo tapado por baixo de lenço. Convidada a explicar a imagem no início de uma entrevista por telefone na última sexta-feira, Gaga deu imediatamente a volta à questão: “Eu preciso de ter a sua interpretação primeiro,” ela diz.“Caso contrário não é arte.”

“Applause” será lançada no dia 19 de Agosto – também a data da pré-venda do álbum – seis dias antes de Gaga ser a principal atuação do MTV Video Music Awards no Barclays Center, no Brooklyn. O VMA irá marcar o seu retorno ao domínio público depois de uns duros seis meses passados principalmente sob o “radar”. ARTPOP foi anunciado em Agosto do ano passado quando Gaga estava a meio da sua ambiciosa Born This Way Ball, que se iniciou em Abril de 2012 em Seul e chegou a uma abrupta paragem em Fevereiro em Montreal quando uma severa lesão no quadril forçou Gaga a cancelar o resto dos seus espetáculos. “A minha lesão foi na realidade muito pior do que apenas uma ruptura labral,” diz ela. “Eu parti o meu quadril. Ninguém sabia, e eu nem contei ainda aos fãs. Mas quando recebemos todas as ressonâncias magnéticas antes de eu seguir para a cirurgia havia crateras gigantes, um buraco no meu quadril do tamanho de uma moeda de 25 cents, e a cartilagem estava a sair do outro lado do meu quadril. Eu tinha um rasgo no interior da minha articulação e uma enorme fratura. O cirurgião me disse que se eu tivesse feito mais um concerto eu poderia ter precisado substituir todo o quadril. E teria de ficar de baixa pelo menos um ano, talvez mais tempo.”

O retiro obrigatório dos holofotes foi quase tão doloroso como a própria lesão para alguém que não tinha ficado mais de duas semanas sem atuar desde os 14 anos. Gaga usou o tempo livre não só para um programa agressivo de reabilitação mas também para sair com a sua equipe, conhecida como a Haus of Gaga, incluindo Van Lamsweerde e Matadin, Brandon Maxwell, o diretor de moda da Haus, os seus cabeleireiros e maquiadores e outros amigos inclinados para a arte. Leram livros, ouviram música e trocaram “presentes criativos que temos de oferecer uns aos outros,” diz Gaga. “Eu tive seis meses para reforçar o meu cérebro e o meu corpo. Eu coloquei uma gigante camada de pano branco ou preto cobrindo toda a tela e revi ARTPOP mais uma vez. Foi-me dado o tempo para realmente ser criativa porque é um processo contemplativo, realmente é. Eu tenho que olhar para o trabalho por longos períodos de tempo para ficar bom. Eu tenho aquela sensação, aquela maravilhosa sensação, quando eu, Inez e Brandon olhamos uns para os outros e pensamos, ‘É tão bom. É este.’”

Van Lamsweerde e Matadin filmaram o vídeo de “Applause” há cerca de uma semana atrás em Los Angeles. Os fotógrafos, que foram apresentados a Gaga quando fotografaram a sua primeira capa para a V em 2009, têm desde então trabalhado em diversos filmes de moda para ela. Esta é a primeira vez que filmam um videoclipe para ela. Gaga escolheu a imagem da capa da gravação do vídeo porque achou que mostra um lado diferente da sua performance, uma parte vulnerável que o público não vê muitas vezes. “É o fim da noite depois do concerto,” ela diz.“Quando eu olho para ela eu vejo que há uma ânsia pelo aplauso. Eu vejo que há um vazio que está a vazar no palco, que o cantor está vazando, que a arte está como que se tornando algo mais em frente dos nossos olhos. Algo mais humano, algo mais honesto.” Gaga lembra-se de ter sido levada às lágrimas durante esta performance particular para as câmeras.

Assim como com a música, detalhes são informação valiosas, mas apesar das lágrimas e da face pantomima, “digo-vos que é muito divertido,” diz ela. "E que está cheio de felicidade, porque o que estou essencialmente a dizer na canção é que eu vivo para o aplauso. Eu vivo para a maneira como se animam a gritam por mim. Deem me essa coisa que eu amo. Ponham suas mãos no ar, façam-nas tocar uma na outra.” Neste ponto, parece que ela está a citar letras, mas mais uma vez, não vamos saber até 19 de Agosto, a não ser que aconteça um vazamento.

Gaga escreveu “Applause” com o DJ White Shadow, com quem ela tem colaborado nos últimos cinco anos. “No fundo do meu coração enquanto eu escrevia, eu sabia que se pedisse [aos fãs] para me aplaudirem antes de eu cantar ou se eu aludisse ao fato que eles iriam me aplaudir antes de eu cantar… Eles fazem sempre isso por mim; antes mesmo de eu abrir a boca, os fãs começam a gritar por mim. E então esta exclamação, ‘Dêem-me essa coisa que eu amo. Dêem-me. Estou pronta, comecem a música.’ Eu sou de Nova Iorque. Eu trabalhei desde os cinco anos para ser uma performer. Toda a minha vida. Eu mereço estar aqui. Estou pronta.” Outra vez, poderiam estas ser letras?

Desde o início, ARTPOP foi anunciado como não só um álbum mas um “projeto”, uma experiência multimídia que irá incluir uma aplicação. Como o título sugere, “a ideia [de ARTPOP] é de que a arte e o pop podem fazer uma troca,” diz Gaga. Van Lamsweerde disse que ela e Matadin têm um banco de imagens de 300 fotografias que vão tentar editar com Gaga e “pô-las por aí, quer seja num museu, na Internet, numa capa para um single ou para a imprensa – tudo terá o seu momento.”

Uma componente de moda direcional parece uma dádiva de uma artista que abraçou e foi abraçada pela moda, tanto haute como experimental. Ela menciona que o pano branco que a envolve na imagem de capa de “Applause” é um casaco Gareth Pugh. Mas quando perguntada se tinha uma grande influência no look ARTPOP, ela responde com parte deflexão, parte abstração, fazendo a questão de voltar ao repórter: “É interessante como veem as coisas, e olham para isto como, eu sou um ícone pop, e [vocês perguntam-se] ‘É esta a imagem do álbum? É esta a direção? Quem teve a ideia?’ Eu acho que isso é muito interessante porque é exatamente o tipo de coisa que estamos a tentar destruir. Isto é um casaco. Isto é uma imagem. Isto é um momento. Isto é uma afirmação.

“Quando vocês veem cada imagem e veem cada coisa a ser publicada, elas podem não parecer exatamente o mesmo,” diz Gaga. “[Eu não sou] definida pelo mesmo designer ou definida pelo mesmo penteado ou definida pelo mesmo ícone. A afirmação é que eu não sou um ícone. Eu sou todos os ícones. Eu sou um ícone que é feito a partir de todas as cores da palete de todas as vezes. Eu não tenho restrições. Não há restrições.” Bem, talvez uma restrição: Gaga aludiu a colaborações artísticas com Robert Wilson para o VMA, mas recusou dar detalhes sem ser que mais duas colaborações estarão para vir com Marina Abramovic e Jeff Koons.

Se Gaga procura evitar definir o componente visual e de moda de ARTPOP, foi profundamente considerado e estratégico, começando com as imagens já em circulação da sua sessão fotográfica para a capa de Setembro da V, mais uma vez por Lamsweerde e Matadin, mostrando a estrela completamente nua. “Há uma sensação de se despir e depois voltar a vestir-se. É o processo que ela está a atravessar,” diz van Lamsweerde. “Eu digo-lhe sempre, ‘Olha para você. Você é incrivelmente bonita, aceite isso. Não tente esconder a sua cara, apenas brilhe.’ Para ela, é parte disso não se esconder atrás de perucas e óculos e esse tipo de coisas.” O seu diretor de moda Maxwell também se envolve em algumas reflexões filosóficas sobre a direção: “Eu acho que desta vez é sobre deixar uma parte de lado e o foco ser na música porque agora ela está confortavelmente nua e sendo quem ela é. O mundo viu tudo.” Mas ele também reconhece que vão haver roupas, a maior parte personalizadas. Alexander Wang criou algumas peças personalizadas. Maxwell também disse que Versace, Armani e Hedi Slimane para Saint Laurent ainda estão na mistura, assim como a marca Mila Schön, que criou alguns macacões para “Applause.” “É mais atenuado e recuado e elegante,” diz Maxwell. “Mas também estamos a fazer roupas a partir de coisas que normalmente não seriam usadas para as fazer, como plástico, mas são super bem adaptados e limpos. Talvez ela esteja a vestir um simples macacão e um lenço na cabeça como está a vestir aqui, mas nós como que fazemos a loucura na cara.”

Então, há pistas sobre o novo look de Gaga, mas e sobre como ARTPOP soará, também será simplificado e mínimo? Não necessariamente. “É a verdadeira Gaga,” diz van Lamsweerde. “Não consegue tirá-lo da cabeça.”

É isto quanto a detalhes. Os little monsters vão ter de esperar pelos VMA, onde Gaga  chegou num ovo em 2011, para ver o que Gaga tem guardado. “Vou enviar um doppelgänger,” ela diz. “Eu vou este ano como um ovo frito em vez de muito cozido.”

CORREÇÃO: Gaga chegou ao GRAMMY 2011 em um ovo, e não ao VMA como citado no artigo da WWD.